A FAMÍLIA E O ESPIRITISMO

O homem é um ser social, isso significa que ele sente necessidade de viver em grupo, viver em família, viver com os seus pares.

Preocupado com a dissolução da família, discussão que de vez em quando vem à tona, Kardec pergunta aos Espíritos na questão 775 de O Livro dos Espíritos, sobre o que poderia acontecer se houvesse o relaxamento dos laços de família. Uma recrudescência do egoísmo, disseram eles.

No bojo dessa resposta encontra-se um ensinamento em relação a essa chaga da sociedade chamada egoísmo. É dentro da família que existe a possibilidade de se quebrar esse mal que atrasa a evolução humana.

Jesus também deixou um ensinamento ao responder ao apóstolo que lhe dizia estar sua mãe e irmãos à porta, procurando por Ele: - Em resposta, disse ao que lhe falava: Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? E, estendendo sua mão sobre os seus discípulos, disse: Eis a minha mãe e os meus irmãos (Mt,12:48-49).

O que é preciso aprender com essa sua resposta? SOMOS TODOS UMA SÓ FAMÍLIA.

Jesus está pedindo para que cada um sinta-se irmão ou irmã de seu próximo, sentir de coração, não somente verbalizar, como se costuma ouvir nas preces.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec vai apresentar no capítulo XIV, a diferença entre a família corporal e a família espiritual:

“Os que encarnam numa família, são, mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores.”

Kardec reforça que os verdadeiros laços de família são os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.

Isso significa que os vínculos formados em uma família, os laços fluídicos, uma vez ligados, nada e em tempo algum, consegue separar.

Os laços de comunhão de ideias caracterizam a família espírita: todos os Espíritas formam uma só família, unidos pelo compromisso de divulgar a Doutrina Espírita pela união e unificação de ideias e exemplos.

Emmanuel no livro “O consolador” é questionado se o instituto da família é organizado no plano espiritual, antes de projetar-se na Terra. Ele responde que sim: “o colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.”

É possível observar nessa resposta que há uma missão familiar, um compromisso com a fraternidade entre seus componentes.

E o autor continua: “Preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras; todavia, aí acorrem igualmente os ódios e as perseguições do pretérito obscuro, a fim de se transfundirem em solidariedade fraternal, com vistas ao futuro.”

Amor e ódio são as duas faces de uma mesma moeda, uma intensa energia com qualificações diferentes, mas ambas unem os Espíritos e os atraem para uma mesma família, na oportunidade do resgate, da reconciliação, do nascimento da fraternidade.

Diz Emmanuel ainda que ao serem “purificadas as afeições, acima dos laços do sangue, o sagrado instituto da família se perpetua no Infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito.”

Essa afirmação demonstra que a família consanguínea deve ser transformada em famíia espiritual, com laços perpétuos de amor entre os Espíritos.

Na questão seguinte, 176, Emmanuel recebe a seguinte pergunta: As famílias espirituais no plano invisível são agrupadas em falanges e aumentam ou diminuem, como se verifica na Terra? E ele responde: “Os núcleos familiares do Além agrupam-se, igualmente, em falanges, continuam aí a obra de iluminação e de redenção de alguns componentes dos grupos, elementos mais rebeldes ou estacionários, que são impelidos, pelos seus companheiros afins, aos esforços edificantes, na conquista do amor e da sabedoria.”

O trabalho desenvolvido por uma família continua na espiritualidade, no empenho para que todos, sem exceção, cresçam nos sentimentos nobres e morais, no esforço do trabalho e amor ao próximo.

Kardec também vai abordar o tema na Revista Espírita de setembro de 1859, sob o título: O lar de uma família espírita.

A história publicada nesse Jornal de Estudos Psicológicos, resumidamente, trata-se da Senhora G. viúva, 4 filhos, seguidora do Espiritismo, modelo de piedade e de caridade evangélica.

Com a doença do pai, esse reuniu a família e disse: “Deus me chama para Ele; sinto que vou deixar vocês daqui a pouco; mas sei que em sua fé na imortalidade terão força para suportar essa separação com coragem. Auxiliem sua mãe; evitem tudo quanto possa fazê-la sofrer; sejam sempre bons para com todos. Que a paz, a concórdia e a união reinem entre vocês; que jamais o interesse os separem, porque o interesse material é a maior barreira entre a Terra e o Céu. Estarei sempre junto a vocês e os verei como os vejo neste momento, e ainda melhor, porque verei o seu pensamento.

Allan Kardec complementa dizendo que essas crianças, alimentadas nas ideias espíritas, não se consideram separadas do pai. Isso reforça a necessidade de se educar os filhos com os princípios espíritas desde cedo, preparando-as para os reveses da vida.

O Espírito Áulus no livro “Nos domínios da mediunidade”, cap. 30, traz uma importante reflexão sobre o tema: “A família consanguínea é uma reunião de almas em processo de evolução, reajuste, aperfeiçoamento ou santificação. O homem e a mulher, abraçando o matrimônio por escola de amor e trabalho, honrando o vínculo dos compromissos que assumem perante a Harmonia universal, nele se transformam em médiuns da própria vida, responsabilizando-se pela materialização, a longo prazo, dos amigos e dos adversários de ontem, convertidos ao santuário doméstico em filhos e irmãos.”

Interessante pensar no casal como médiuns ao constituir uma família. Na verdade é isso que acontece. Se num trabalho de materialização de Espíritos, os médiuns doam ectoplasma para que um Espírito seja visto, o casal doa células reprodutoras que, de certa forma, irão “materializar” um Espírito em sua casa para ser evangelizado e amado para todo o sempre. Áulus ainda reforça que a paternidade e a maternidade podem ser consideradas como um sacerdócio, por permitir a regeneração e o progresso de almas com segurança e clareza.

O Espírito Alexandre, no livro “Missionários da luz”, cap. 8, chama a atenção para o trabalho do Mestre Jesus, o qual ocorreu, em algumas ocasiões, na casa de alguém. Como exemplo, pode-se citar:

“A primeira instituição visível do cristianismo foi o lar pobre de Simão Pedro, em Cafarnaum. Uma das primeiras manifestações de Nosso Senhor, diante do povo, foi a multiplicação das alegrias familiares, numa festa de núpcias, em pleno aconchego do lar. Muitas vezes, visitou Jesus as casas residenciais de pecadores confessos, acendendo novas luzes nos corações. A última reunião com os discípulos verificou-se no cenáculo doméstico. O primeiro núcleo de serviço cristão em Jerusalém foi a moradia de Pedro.”

Diante disso, é preciso valorizar cada vez mais o lar, a família, a convivência. É na convivência que se dá o aprendizado dos valores como a paciência, a solidariedade, a fraternidade, para se atingir o amor.

E quando no lar, Jesus se faz presente através do Evangelho, o estudo da Doutrina Espírita e seus postulados é priorizado, através das leituras e dos diálogos sempre edificantes, seus alicerces serão os mais firmes e a família bem sustentada. Fica a reflexão.

 

REFERÊNCIA:

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos trad. Guillon Ribeiro 93. ed. Brasília, DF: FEB, 2013.

__________ O Evangelho Segundo o Espiritismo trad. Guillon Ribeiro 131. ed. Brasília, DF: FEB, 2013.

DIAS, Haroldo Dutra O Novo Testamento Brasília, DF: FEB, 2013.

XAVIER, Francisco C. O Consolador (Emmanuel, Espírito) 29. ed. Brasília, DF: FEB, 2013.

XAVIER, Francisco C. Missionários da Luz (André Luiz, Espírito) 45. ed. Brasília, DF: FEB, 2015.

XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Mediunidade (André Luiz, Espírito) 36. ed. Brasília, DF: FEB, 2017.

 

Comentários

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